terça-feira, 22 de junho de 2010

Registro da aula do dia 07/05/2010

por Bruninha

Essa sexta-feira promete ser muito animada, embora de certa maneira um pouco triste pela ausência da nossa colega Marjorie nas próximas aulas, a partir de amanhã ela estará de Licencia Maternidade, já estamos com saudade Má!Quando chegávamos próximo a sala a professora Laura saiu à porta para nos chamar a entrar, como sempre simpática! Havia poucos alunos na sala até o momento, e o cheiro de comida estava muito bom!
Ao entrarmos na sala as carteiras já estavam organizadas em grupos mais ou menos nas mesmas posições da aula passada, que o nosso colega David organizou e ali continuaremos o trabalho sobre Freinet. E então fomos sentando, e por incrível que parece os grupos se organizaram nos mesmos lugares da semana anterior.
Iniciamos então a aula com a leitura dos registros da aula passada, primeiro com a Bruna Bernardes e depois com a Mariana, a Bru falou um pouco da angustia que era expor o relato feito por ela e a Má comentou a mesma coisa dizendo que era um sofrimento de certa forma!
Iniciamos em seguida a discussão sobre o livro de Freinet, e a sala permaneceu num silencio total até incômodo, ninguém ousava se manifestar.
Marjorie é a primeira a falar, questionando a professora, pois não havia entendido o que ela havia falado, e então Laura repetiu que queria que falássemos o que achamos do livro, como foi a leitura, o que gostamos mais?
A Má achou interessante a parte da correspondência, que inclusive é o nosso projeto, e fez a relação com o Pinóquio de Perrenout, em sua fragilidade é um herói assim como podemos ver Freinet.
David fala sobre a persistência dele, o nunca desistir, apesar de toda a sua fragilidade, também ressaltou sobre o humanismo de Freinet, a questão da solidariedade, a importância da coletividade, da cooperação para a defesa do direito.
A Míriam comentou que a leitura feita no computador, não é a mesma que no papel, onde você vai anotando.
Ane gostou da parte das cartas, e lembrou de sua vivência na escola, com uma prática muito parecida e para ela familiar.
Tânia achou muito interessante a história de vida dele, o seu não desistir, ressaltou sobre o jornal e a participação das crianças em sua elaboração, escolhendo o que colocar nele e se organizando.
Vanessa gostou muito da aula passeio, e trazendo para os dias atuais comentou que a burocracia complica de mais atividades desse tipo, dificultando todo o processo.
Rachel gostou muito da parte da escrita, da troca de correspondências e sua importância, o jornal, o livro da vida, traz para a escola o sentido da escrita que hoje ela não tem, a escrita é sem sentido e então não há motivação, para se escrever, ela cita também a distorção ao reproduzir, ou tentar reproduzir a Roda da Conversa, acontece de tudo menos de forma espontânea e é utilizada para outras finalidades perdendo seu valor e o interesse das crianças nela.
Ana Carolina deu exemplo de sua vivência falando de um aluno que reclamou de ter copiado três lousas naquele dia e que não gostaria de ter de copiar mais coisas ainda, enfim para ele não fazia sentido, copiava pelo simples fato de copiar.
Camila coloca que Freinet vivenciava tudo aquilo que falava, ele experimentava.
Miriam comenta a necessita de que tudo precisa ter sentido para a criança ou mesmo para nós, para podermos fazer e aprender de maneira significativa. O tempo é jogado fora se realizarmos qualquer coisa sem objetivo, hoje o tempo livre não tem valor. Segundo ela, ainda é necessário buscar a educação do olhar dos futuros professores, e todos registramos uma frase:
“Educação do olhar, mais isso depende do alcance do professor” (GUERRA, 2010).
Paulo diz que a gente vê um pedacinho no processo e não ele todo. A fala de Míriam completa ao ressaltar que é muito curioso o nascimento da escola junto com as fábricas e por de mais significativo, ao ver que as escolas vão formar os trabalhadores para essas fábricas, e assim eles farão parte de um processo que enxergam apenas um pedacinho e não o todo, como acredito que nosso colega Paulo quis dizer.
Bru coloca que na p. 63 do livro de Sampaio (2008), Freinet diz que a escola se esqueceu de preparar Homens, não ela não se esqueceu é de propósito.
E isso é muito triste, formamos cada vez mais uma sociedade sem consciência e cultura.
Caroline disse que gostou muito quando Freinet falou da expressão livre e que hoje os professores a desconsideram.
José Elias comentou sobre a aula passeio ser sem roteiro, porque se o professor direcionar já não é mais passeio.
Iuri levantou a questão da obrigação de se fazer passeios, relacionando com trabalho escravo, ressaltando algo que fazemos sem motivação e sim por obrigação apenas.
Karina diz que pensamos que o que é muito bom para mim também é para os outros?! É uma questão complexa. Reflitamos!
Laura indicou um filme para assistirmos, que segundo ela é muito bom: A Língua das Mariposas.

E então já são 21h00, chegou a hora da nossa festinha!
A Marjorie chorou ao falar da despedida. Foi muito legal e todos inclusive a nossa outra metade da turma, que cursa outra disciplina as sextas, participou!

Ao encerrar a nossa festa voltamos para a aula, combinado que a carta coletiva será feita na semana seguinte.
Houve uma discussão sobre o recebimento ou não do e-mail que a professora nos enviou e alguns colegas não receberam.
E agora nos grupos finalizaremos o Projeto/Aula Freinet para entregar no próximo encontro.
Para constar Iuri e Camila autorizaram também a utilização dos registros das nossas aulas, eles haviam faltado na semana passado quando a professora fez esse questionamento.
Assim encerro meu registro, tentei trazer as falas dos colegas, espero que tenham gostado! Boa noite!

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Registro da aula de 07 de maio de 2010 - por Zé Elias

Cheguei a sala quase 7h e 20min. pensava estar atrasado, mas ainda não estava... pois a aula ainda não havia começado. Chegando vi os preparativos da festa e as carteiras estavam agrupadas em grupos de cinco. Logo a professora disse “vamos começar!” e começou a procurar candidatos para fazer o registro da próxima aula; de inicio sugeriu “Tânia e Bruninha”... Mas mais uma vez a Tânia escapou me parece que já é a terceira ou quarta vez que isso acontece. Então meio sem saber, pois não levantei a mão e nem me manifestei vontade de fazê-lo, mas a professora me candidatou para isso. Então, estou eu aqui fazendo o registro dessa aula. Hoje devo ‘fazer bem feito’, como já gerou tanta polemica na sala: e nos outros dias os registros não seriam bem feitos?
A Bruna e a Mariana leram os registros (a Bruna dizia já estar com saudades da Marjorie; a Mariana se lembrou da “nuvem” que a professora via, que também nos deixo preocupados). Na lousa já havia a pauta do dia, onde se iniciaria com o texto de Freinet e discussão; depois a festinha. A carta ficou para outro dia e a escrita do projeto custou a entrar no papel.
Nesse momento a sala fazia certo silêncio e a professora, de certo assustada, perguntou “o que havia”. Seguido disso iniciaríamos a discussão do texto de Freinet – como ela lembrou: não pagina por pagina. O silencio persistia, quando a Marjorie iniciou a leitura de um trecho do texto e relacionou com o ‘Conto do Pequeno Polegar’, de Perrenault. O David achou surpreendente a historia de vide Freinet; dentre as varias dificuldades enfrentadas por Freinet; a formação de sua escola, que existe até hoje e uma filha de Freinet continua o trabalho...
Não sei como, mas a discussão agora caíra na questão de o professor usar dinheiro de seu próprio salário para conseguir material para as aulas; questão esta que persiste e tanto nos atormenta. Daí o exemplo da escola Waldorf, onde as carteiras são de madeira e em cada uma há uma pedra de quartzo; o que convenhamos, aquela estrutura não é para qualquer escola e nem se conseguirá com a totalidade dos salários de professores...
Com uma leitura da pagina 35, trouxemos à discussão a questão da disciplina; assunto esse que tanto tem me atormentado ultimamente; de fato as pessoas confundem muitas vezes uma ‘aula ativa’, com indisciplina. Concluímos que essa disciplina não deve ser instituir-se a partir de regras pré-estabelecidas, mas nada mais é que uma “conseqüência natural de uma boa organização do trabalho cooperativo e do clima moral da aula”. A professora lembra que Freinet nunca pensa o insucesso do aluno, e talvez só por isso não aconteça, ainda que cada qual a seu ritmo todas as crianças são capazes de aprender...
Mais uma vez a professora começou a riscar um esboço na lousa, trazendo a idéia de COLETIVIDADE e COOPERAÇÃO. O Paulo se lembrou da palestra do professor Vanderlei e da diferença de se “falar para o outro” e “falar com o outro”. Para o David isso parece Paulo Freire. Continuando, a professora disse que o grupo não anula a individualidade, de fato isso parece verdade, pois caso isso ocorra se perde a noção de cooperação que o grupo deve ter.
A Bruna traz à discussão a questão do tempo, onde cada aluno ainda que se esforçando conseguem chegar à um resultado, outros não e que esse esforço deve ser levado em conta. Eu concordo com isso! A Camila disse que a cópia ou a escrita é visível e por isso é isso que conta...
Nesse ritmo cada um ia falando, visto que hoje a professora ia – implicitamente – obrigando um à um a falar; uma vez que ninguém se propunha a falar... Lembro que nossa sala – inclusive eu – não gostamos muito de ‘discutir’ nas aulas. Por isso há essa sensação de medo nesse momento ao ler esse registro, como já ressaltou a Mariana em outro momento...
Agora a Rachel lembrava a diferença entre “bater papo” sentados no chão e uma “roda de conversa de Freinet”. Freinet tinha um objetivo e se falava coisas úteis, não apenas o que se fez no fim de semana... Não sei por que agora o Paulo se recusava a ir à sala da Bruna e a Bruna o chamavaele de “ser racional”; com isso a professora citou um exemplo de um professor que só havia dado aulas em quartas séries e esse ano está em um primeiro ano... De fato, um professor sempre é um professor – até o Paulo!, a única diferença é que o discurso muda de acordo com o destinatário...
A discussão continuava, quando apareceu um grilo na sala e o Iuri ou jogou fora. Lembro que não teve o mesmo efeito que teria tido na sala da professora Vaniza. Imagino o que teria acontecido em uma sala da biologia... Supostamente a mesma coisa que aqui? Por não ser o dia de estudar os grilos?
Agora falávamos da aula passeio. A Vanessa citou um exemplo e a discussão fluía. Eis questão: o passeio deve ser direcionado, com roteiro, de modo que a criança esteja tão atento àqueles aspectos que nem veja tantos outros ou mais interessantes? Deixar a curiosidade de a criança fluir, como fazia Freinet? E se as crianças não se interessarem por nada? Como fazia Freinet, não pensemos no Fracasso... Daí a necessidade de se educar o olhar: não há a necessidade de ser um lugar exótico, e isso de nada adiante se não tiver o ‘objetivo de ver’; já a praça da frente da escola, por exemplo, pode ter muitas coisas a serem vistas, que mesmo passando por ela todos os dias nunca paramos para ver...
Para Paulo somos acostumados a ver as partes, não o todo. “Não é o resultado Bruna. É a parte!!!”, exclamou ele, quando a Bruna disse que só vemos o resultado...
Agora era a ‘minha vez de falar’, logo iria falar também da aula passeio; mas muito já havia se falado disso. Apenas mantive o meio termo: o passeio não é passeio de for tão direcionado, pois isso restringe a visão e mata a curiosidade. Não sei por que o Iuri resolveu fazer um debate cara a cara comigo: se o trabalho deve ser emancipador ou escravo... Ao fim, ele disse justamente o que eu estava tentando dizer, sobre a ‘aula passeio’; que também deve ser emancipadora e não ‘alienada’... Não sei porque ao fim recebemos palmas; sem duvida foi inédito e nem eu esperava.
Agora já é hora da “Festa da Marjorie”.
Depois do intervalo “estendido”, nos reunimos de novo em grupo, já era tarde e para ajudar o Iuri derrubou o copo de refrigerante da Karina. E, depois de muito custo, parece que nosso grupo decidiu o que vamos fazer. Bem, é isso.

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