domingo, 18 de julho de 2010

Dia 02/07/10 – Último registro das Aulas de Laura




É..., uma hora este dia ia chegar, a disciplina, tem início, meio e fim. Este é o último dia de aula, o que nos espera?!
Iniciamos as atividades as 19h30, havia poucos alunos em sala, mas aos poucos foram chegando mais. Já estava combinado que faríamos uma festinha de encerramento e por isso todos chegavam com algum alimento.
A professora inicia pedindo que falemos sobre o texto de Larrosa.
O David dá início, falamos sobre as diversas leituras que podemos fazer de um mesmo texto. Falamos sobre o professor preparar a lição, do quanto são valiosos os presentes. E também comentamos sobre os textos que devem direcionar a produção de perguntas.
Geraldi fala disso, que os professores devem ensinar a fazer perguntas!!
O Iuri mais uma vez dá um show, como estávamos comentando sobre a disciplina de EJA, ele deu sua opinião e disse que a nosso ver o professor parece ter perdido a aposta, parece que não deu certa a idéia dele, pois a grande maioria dos alunos não participou principalmente das aulas de expressão corporal. Mas se falamos tão constantemente desta disciplina, é evidente que ele conseguiu nos provocar, ficamos inquietos e isso não durou apenas um dia, mas está ainda dentro de nós remexendo nossos pensamentos. Por fim, o professor “ganhou”, parece que não, talvez até mesmo em período de aula isso não tenha ficado explícito, mas na aula de hoje ficou claro. Ele conseguiu.
Podemos pensar também, ainda refletindo sobre a disciplina de EJA, até onde os alunos se permitiram envolver com as questões propostas.
A Mirian, diz que a vida é um palco, temos que aprender a lidar com isso. Cada um tem suas próprias verdades, e temos que aprender a lidar com os outros. Temos de dar a palavra aos outros. Temos que nos dar conta de quanto nós não somos importantes. Essa última fala me marcou, fiquei pensando, é muito difícil agir assim. Mas é verdade devemos valorizar o outro de forma a permitir nos abalar.
A Natália nos conta uma experiência que teve em que agiu negativamente. Achei o máximo, não pela história em si, mas por ver que ela se abriu, contou algo que não era necessário, mas enriqueceu nossa aula! Ela correu o risco de ouvir críticas, poxa que coragem! Parabéns!
E vem uma perguntinha difícil da professora, “E nós, enquanto professores, como faremos para desestabilizar uma criança?”
A Vanessa (Loira, desculpe-me, mas não sei o sobrenome.) fala que com os seus alunos o que desestabiliza é perguntar algo diretamente à criança. Nós também nos desestabilizamos com as perguntas.
Dar voz a criança, tratá-la como individual, pensar nela enquanto igual. Isso é bem interessante.
O professor é a única figura que pode dizer que estamos errados. Temos medo de sermos avaliados constantemente. Contudo avaliamos e somos avaliados a todo o momento.
A Ana diz que tem muito medo do que os outros pensam... E isso influência as atitudes dela. A Miriam diz que no máximo o que os outros dizem é importante para eles, eu concordo plenamente!
O engraçado hoje foi que a Ana, de tanto falar que tem medo, hoje se soltou bastante e contribuiu muito pra nossa discussão.
A Anne fala de uma experiência traumatizante e sobre o seu medo de errar também, e sem saber traumatizar outros alunos. Para ela, e pra mim também embora estejamos falando muito da prática pedagógica em sala de aula, sempre há o receio da realidade da sala de aula.
Nesta disciplina, segundo a Ana, por estarmos em menor número, sentimos mais liberdade em falar, criamos confiança nos colegas. Eu acho que o que também contribuiu foi à posição da Laura, ela se colocou no “não-lugar”, buscou táticas junto conosco, numa relação igual.
A Ana também coloca que foi muito positivo o envolvimento com o processo de escrita, discutimos o assunto e o colocamos em prática, fez sentido!
A Natália diz que esse processo de escrever colaborou muito para a escrita do TCC. Ela evoluiu neste sentido.
A Laura sugeriu uma avaliação da disciplina, oralmente fomos conversando.
Para a Anne os trabalhos com Freinet foram muito bons.
Para a Tânia foi bom entrar em contato com os textos de outras professoras.
A Miriam coloca várias coisas e diz que a experiência com a disciplina nos ajuda em nossas práticas.
A Carol diz que os textos estavam ligados, foi tudo muito coerente.
Eu, eu gostei muito de vivenciar o empoderamento, de ler esta teoria e vivê-la na prática.
A Bruna G. coloca a evolução da fala do Iuri. E é aqui que a emoção toma conta. Os olhos transbordam nossos sentimentos de desculpa e admiração.
Eu também outro dia pensei muito sobre o assunto. Neste ano passei a ver o quanto o Iuri é inteligente, e o quanto ele tem a contribuir com sua experiência, é triste que tenha sido assim, que ele tenha passado despercebido até então.
Sabe gente, a conclusão que eu chego é que ele é muito forte. Venceu todo esse tempo de faculdade e não precisou para isso de elogios. Ele seguiu independente do que os outros pensavam dele. Ele venceu! Impressionante não? Parabéns Iuri, pela sua força, pela sua persistência!
E ainda emocionados ouvimos o Iuri falar, ele diz que é muito importante deixarmos de sermos competitivos. Poxa que lição de vida!
A Mariana fala que gostou de ver a Laura agindo no individual. Segundo ela a Laura chamou a atenção no individual. Quando houve cochichos, ela perguntou depois da aula se estava tudo bem, se havia algo errado. Eu nem sabia deste acontecimento, realmente é admirável uma atitude docente desta forma. Bom saber!
O Paulo expressou-se muito emocionado, diz que mudou muito neste período de faculdade. E mudou mesmo! O Paulo avançou muito, fico super feliz de vê-lo assim, emocionado.
Mas e então, e a Laura, o que diz de tudo isso?! Ela fala que está feliz, diz que na nossa turma o que marcou foi mesmo a escrita. Ela deseja que sejamos professores desestabilizadores. Pede que não desistamos e fala que é muito difícil ir até o final com algo que você acredita.
A Laura disse que caso alguém queira escrever sobre o que os filmes provocam poderíamos enviar pra ela neste mês.
Depois disto, fizemos por escrito uma auto-avaliação e, FESTINHA!
Como encerrar um registro tão especial?!...
Foram ótimos momentos de reflexão, conversas, filmes, contos, mas jamais seria a mesma coisa se algum de nós não estivesse ali. Todos deram suas contribuições, seus sorrisos, suas lágrimas. Cada um de nós tem parte essencial nesta experiência maravilhosa!
Faço das palavras da Laura as minhas, e desejo do fundo do coração que este grupo permaneça “GRUPO”, que ele não vire individual. Que usemos os meios necessários, mas que não nos distanciemos, porque o corpo precisa de todos os membros!
E com saudades encerro este registro!


Karina F.


07/07/10

Um comentário:

  1. Oi, somos alunos do curso de Pedagogia da UFPel (Universidade Federal de Pelotas), construimos um blog sobre Freinet e suas técnicas; na procura por materiais e curiosidades encontramos este Blog e gostaríamos de trocar informações.
    Muito interessante a ideia de vocês! Parabéns!

    Este é o link do nosso:

    http://freinetufpel.blogspot.com/

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