sexta-feira, 14 de maio de 2010

Aula do dia 30 de abril de 2010

REGISTRO DA AULA DO DIA 30/04

Por MARIANA DE OLIVEIRA PICELLI

Ao chegar na sala, ainda havia poucas pessoas, fui recepcionada pela professora com um sorriso, e isso me deixou feliz. Estavam todos esperando a chegada de mais pessoas... e na lousa a pauta do dia: REGISTRO, CONTO e GRUPOS.

Então, após alguns minutos, demos inicio a aula com a leitura do registro de Vanessa Bianconi, segundo ela um registro pequeno. Logo no inicio de sua leitura, fomos surpreendidos pela nuvem preta que Laura enxergava, fiquei preocupada e acredito que todos também, pois houve um silêncio neste momento, a espera de sua melhora, logo ela estava melhor. Vanessa então continuou sua leitura, que não era tão pequena assim. Foi ótimo ouvir seu relato pois não estava presente na aula anterior e isso me deixou interada aos acontecimentos de tal dia. Em seguida, Karina iniciou a leitura do seu registro, fiquei encantada com sua escrita bastante dinâmica, foi lindo, PARABÉNS KARINA!

A professora então distribuiu a todos um conto chamado “Do rigor na ciência” de Jorge Luis Borges, pediu para que lêssemos. A sala ficou silenciosa, todos atentos a leitura, e este silêncio se quebrou com Karina dizendo “ah! li mais não entendi”, falou baixo, mas foi possível ouvi-la. Confesso que eu também não entendi, então não posso dizer que LI, pois se pensarmos na leitura, ela é a compreensão, eu apenas decifrei palavras. Isso me deixou angustiada, pois me coloquei no lugar das crianças que estão na escola sendo alfabetizadas, muitas delas apenas decifram palavras e infelizmente não compreendem o que leram, isso não é bom, não me senti bem. Então Li novamente e novamente, e minha leitura foi interrompida com as duvidas levantadas pelos meus colegas, fiquei de certa forma mais aliviada, pois a maioria não estava compreendendo o conto. “Porque várias palavras foram escritas com letra maiúscula?”; “Porque você escolheu este conto professora?”; “onde você queria chegar?”... essas dúvidas não foram respondidas pela professora, foram apenas escritas na lousa conforme iam sendo levantadas por todos. Então a professora comentou sobre a questão “onde você quer chegar?”, estamos acostumados a respostas prontas, ou a ter como resposta a idéia que a professora quer que nós tenhamos do que ela nos deu para ler. Segundo Laura, Larrosa no texto “Sobre a Lição” presente no livro “Pedagogia Profana”, se mostra contra esse pensamento de a professora esperar as mesmas respostas de seus alunos, ou acrescento que até mesmo de pensar pelo aluno, ao explicar a ele o que o autor quis dizer, ou o que ela entendeu do mesmo.

Após a fala de Laura, ela quis nos escutar, escutar nossos pensamentos a respeito do que foi lido. Paulo então começa nos explicar alguns pensamentos seus, logo diz que não tem sentido o MAPA ser do tamanho de uma cidade para representá-la, não precisa. Já Vanessa Bianconi levanta a questão das letras maiúsculas iniciando diversos adjetivos no conto, estamos acostumados apenas a colocar letras maiúsculas em nomes próprios, para ela houve por parte do autor a quebra desse rigor da escrita. Bruna Karen levanta um ponto presente no conto bastante interessante, voltando-se para que ora a ciência inova, ora envelhece, e inova e novamente envelhece, de maneira sucessiva. Isto me fez pensar na escola, isso faz sentido para mim quando penso em alfabetização e letramento escrito por Mortatti em seu texto “Letrar é preciso, alfabetizar não basta... mais?” lido para a disciplina da professora Áurea, neste a autora coloca que os métodos “antigos” ou “tradicionais” (fônicos e silábicos) ao longo do tempo foram sendo substituídos pelos considerados “novos”, os testes ABC ou testes de maturidade, mas após alguns anos surge uma “nova” perspectiva, a construtivista, e tornam-se “antigos” os teste de maturidade. Essa inovação constante acaba de certa forma, a meu ver, deixando os educadores confusos, ou até mesmo faz com que estes apliquem para os alunos uma maneira considerada nova de alfabetizar e letrar, mas acaba muitas vezes também aplicando algo sem conhecimento, fazendo com que essa inovação perca seu sentido, bem o que acontece com a Cartográfia no conto. Como Laura estava comentando com meu grupo, sobre aplicação dos instrumentos de Freinet nas salas de aula, antes é preciso entender o sentido que Freinet dá a esses instrumentos que ele aplicava, para depois aplicar, somente assim isto terá sentido. Com esse meu pensamento, acabei perdendo o pensamento de Bruna Bernardes que levanta sobre o conto a questão social, muito interessante também a meu ver, o que consegui pegar, mais ou menos, foi as gerações dando lugar a outras questões, então Marjorie acrescenta citando o trecho em que o autor coloca sobre “Mapas desmedidos”, isso significa segundo ela que para outras gerações ou gerações seguintes, esses mapas não faziam sentidos.

A discussão gira em torno desse contexto do conto relacionado com a sala de aula. Então vem a questão das regras na educação infantil, Tânia acredita que o rigor nesse faixa etária não deve ser igual ao dado no ensino fundamental, mas é necessário sim que haja as regras.

Bruna Bernardes então coloca um pouco sobre a leitura direcionada feita pelo professor, essa leitura ocorre desta forma, direcionada, devido à falta de tempo do professor, segundo Perrenoud, ele é “pressionado pelo tempo”.

Após o intervalo, organizamos os grupos e elaboramos o nosso projeto. Durante este momento, fomos interrompidos pela professora para organizarmos o calendário das aulas, junto as apresentações. A classe pensou em fazermos na próxima aula a festinha da Marjorie, todos aceitaram. Ah! Até cantamos Parabéns para a Laura que havia sido seu aniversário, ela ficou toda envergonhada.

Por fim a professora perguntou a todos os presentes a possibilidade de socializar os registros do caderno da classe e os mesmos aceitaram, ainda falta perguntar para três alunos que estavam ausentes neste dia.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Tarefa de casa





SAMPAIO, Rosa Maria Whitaker Ferreira. Freinet - Evolução Histórica e Atualidades. São Paulo, Scipione, 1989.

Pra quem fez a leitura (e para quem não fez também) de "Freinet - Evolução Histórica e Atualidades" de Rosa Maria Whitaker Sampaio, indicada para o dia 23 de abril de 2010, fica a reflexão...

"Educar não é uma fórmula de escola, mas uma obra de vida" (Freinet)

Registro do dia 16 de abril de 2010 - Karina Fernandes

Dia 16/04/10 – 6ª aula

E finalmente chegou a sexta – feira!!! Tão esperada por todos, por variados motivos, e para mim um deles é que, neste semestre, sempre fecho a sexta com chave de ouro!
Entrei na sala e lá estava a professora e a pauta do dia: Leitura dos registros de David e Rachel / Discutir as respostas sobre a escrita / Discussão do texto de Alves e Garcia / Rever as datas sobre o trabalho a partir de Freinet.
Desta vez tínhamos também a pauta do dia 23 que seria a leitura de metade do livro de Sampaio, leitura feita em casa e para o dia 30 entregar os registros individuais das aulas; assistir ao filme Stela e discutir os trabalhos “seminários” que os grupos realizarão.
A aula demorou a ter início oficialmente, mas os momentos de conversa que antecederam foram bons e então, não sei se devo pedir para que todos cheguem mais cedo ou se devo aproveitar o bate-papo com os colegas e a professora.
Enfim, a aula começou, a Rachel e o David leram seus registros e tenho a impressão de que a cada sexta-feira os registros ficam mais longos é isso ai turma nossa história ficará bem registrada, sem permissão para ser esquecida!
Ah, a professora se incomodou ao perceber que o registro da Raquel estava banhado de “Laura daqui, Laura lá, Laura acolá“, a inquietação seria por conta de que a Laura não gosta de ser o centro, achei muito interessante, percebi a presença da prática docente reflexiva e fiquei feliz por vivenciar esta raridade... Só gostaria de retornar a esta aula que a Raquel citou e lembrar que, quando questionados, os alunos colocaram que a aula estava interessante e poderia continuar como estava, portanto professora acho que seu papel foi cumprido plenamente!
Depois da leitura dos registros a professora sugeriu a divisão em grupos de 4 pessoas para discutir as respostas que surgiram, acatamos a idéia e assim o fizemos. Só então me dei conta de que embora tivesse feito a tal da reflexão (lembram aquela do dilema “Entregar ou não entregar eis a questão!”) só então percebi que tinha me esquecido da pergunta e ainda por cima deixado o texto em casa, “E agora José?” diria Carlos Drummond, mas ocorreu tudo bem, em grupo somos mais fortes não é mesmo Iuri? O que seria afinal das pernas e braços sem a barriga? Bom, logo mais comento sobre isso.
Gostaria de deixar registrado também o inédito “Grupo dos Bolinhas”, assim eu os apelidei, David, José, Paulo e Iuri.
Continuando...
Após as discussões em grupos pequenos, começamos a compartilhar as falas.
Os grupos apontaram que a escrita da Vaniza era pessoal antes mesmo da experiência com Freinet, talvez este tenha sido um fator que a auxiliou a buscar melhorias em sua prática. Fica claro também que escrever ajuda na construção de conhecimentos, permite valorizar a produção de textos, a aumentar o interesse pela escrita, faz crescer a curiosidade, dá acesso a livre expressão como nos Textos Livres, ajuda na compreensão da necessidade de publicar as descobertas e facilita também a reflexão da própria prática.
Diante de tantas coisas, temos motivos de sobra para pensar no porque nos ensinaram a escrever a redação “Como foi minhas férias”, porque mataram nossos anseios infantis de ter acesso a escrita? E o que faremos para não reproduzir esta situação?
Bom, a aula prossegue, o foco agora é o texto de Alves e Garcia. Com a ajuda dos alunos a professora faz na lousa um esquema.
Em busca do sentido da escola, fazendo uso de várias histórias, as autoras colocam 4 processos que culminaram na educação que temos hoje. O 1º processo fala da fragmentação do conhecimento que gera especialistas e estes muitas vezes são alienados a outros assuntos. O 2º processo fala da grupalização e como próprio nome diz refere-se aos agrupamentos, por exemplos as séries ou o grupo de meninos e de meninas. O 3º seria a hierarquização, que sempre sugere o privilégio de alguns, e se dá na carga horária das disciplinas, nos cargos dos profissionais e outros. Por fim o 4º processo seria a centralização que ocorre, por exemplo, na criação dos PCNs, tentando centralizar os conhecimentos do país.
O texto traz também o Currículo Oficial que seriam os PCNs e o Currículo Negado que seria tudo aquilo que os alunos vivem, mas não podem levar para a escola.
Sobre os Temas Transversais fica evidente que as autoras não concordam com a idéia de interdisciplinaridade, mas apóiam a transversalidade que possibilita atravessar fronteiras.
A Marjorie busca no texto a idéia de cooperatividade, o Iuri complementa o assunto contando-nos a Fábula de Esopo sobre os membros do corpo e a barriga, chegamos à conclusão que o individualismo nos enfraquece, por isso é sempre bom buscar o apoio de outros professores, dos pais dos alunos ou de quem for possível.
Encerro o registro do dia com a frase que a Laura pediu que todos anotassem e que, portanto, está entrando para a nossa história escrita, esta frase deve ser combustível para novas atitudes no cotidiano, escolar ou não. Portanto aí está: “O quanto nós somo fracos por não sermos cooperativos?” e acrescento: “O quanto poderíamos ser fortes se nos cooperássemos mutuamente? Esta força é mensurável?”
Se são as perguntas que nos movem temos combustível para muitos quilômetros. E assim encerro meu registro.

Karina F.

Registro do dia 16 de abril de 2010 - Vanessa Bianconi

Rio Claro, 16 de Abril de 2010.

"O fraco deve tirar partido de forças que lhe parecem estranhas" (Certeau, 2002, p. 47)

"Estamos fracos por não trabalhar cooperativamente..." (Karina)

Foi feita a leitura dos registros feitos por David e Rachel e em seguida nos reunimos em grupos para discutirmos as questões que levamos para casa, na semana anterior, sobre o texto de Vaniza Guidotti. A partir da exposição do que foi discutido em grupos falamos sobre a relação da professora com seu diário onde a mesma escreve para refletir e avaliar a prática, verificando sempre como se posicionou diante de seu próprio trabalho. A prática da escrita, no texto, é ponto de reflexão a partir dos registros e da organização de idéias e resultados além de proporcionar a oportunidade de perpetuar o vivido, imortalizá-lo, comunicar descobertas (através dos jornais e correspondências - instrumentos da metodologia Freinetiana). Na sala de aula de Vaniza a construção do conhecimento se dá pela valorização da produção e da curiosidade.
Os instrumentos da Pedagogia Freinetiana desenvolvem a escrita e o gosto pela leitura. Seus valores são pautados pelo respeito, a relação com o próximo e a sociedade. Além desses valores é importante a liberdade de fala e escrita (texto livre = expressão).
A partir de então, passamos a discutir o texto proposto para essa aula e começamos discutindo os processos de dominação que organizam a escola hoje. São eles: pedagogização dos conhecimentos, grupalização, hierarquização e centralização.
Sobre a pedagogização dos conhecimentos, falamos sobre a fragmentação dos conteúdos escolares, sobre os professores especialistas e a seleção dos conhecimentos que devem estar dentro ou fora da escola (políticas educativas). Falamos ainda do Aprisionamento dos Corpos (Foucault) na escola, sobre a imobilidade historicamente construída. Laura socializou sua experiência enquanto professora quando "desestruturava a suas de aula uma vez por semana deixando que os alunos fizessem suas atividades sozinhos, priorizando o desenvolvimento da autonomia dos alunos.
Falamos sobre a Grupalização, onde ocorre a segregação, em sala de aula, entre os alunos que sabe e os que não sabem, os meninos e as meninas, os normais e os excepcionais. Concluímos que tais práticas se dão para manutenção das idéias dominantes.
A Hierarquização mostra a valorização de disciplinas ditas "mais importantes", como Português e Matemática em detrimento das outras especialmente no que concerne à carga horária dispensada para cada disciplina. Salientamos a importância, por exemplo, do ensino de artes onde se pode educar o olhar, onde se pode enriquecer os alunos de vivências e conhecimento.
Na Centralização, falamos sobre os PCN's e como temos uma diferenciação dos currículos: um mínimo para a população de baixa renda e um máximo para a população mais privilegiada do país. No currículo oficial temos um saber legitimado, onde são avaliados, por exemplo, os livros didáticos e a formação dos professores. Temos paralelamente ao Currículo Oficial, um Currículo negado, que toma lugar fora da escola e onde se desvaloriza o conhecimento das classes populares.
Verificamos que as autoras são a favor da interdisciplinaridade, da realização dos projetos. Para elas, os conteúdos, as temáticas se encontram sempre em algum ponto e é ai que se encontra o sentido de trabalhar a interdisciplinaridade e não através da criação de pontes artificiais, que não são reais e não fazem sentido com a realidade.
Nesse momento, a aluna Karina nos contou a experiência de uma amiga que aplicou a Pedagogia de projetos (Jolibert) e obteve excelentes resultados. Laura questionou se essa amiga havia publicado algum artigo contando sua experiência e Karina respondeu que não. Laura, prontamente, disse: "É uma pena! Não é?" Nesse momento pudemos verificar a importância do registro das experiências por parte dos professores e sua posterior socialização como fazia a professora Vaniza do texto discutido na aula anterior.
Encerramos a aula combinando as próximas leituras e atividades para a próxima aula. Ficou combinado a leitura da primeira metade do livro sobre a Pedagogia Freinet (enviado por e-mail) e a entrega dos registros de aula.

Vanessa B.

Registro do dia 09 de abril de 2010 - Rachel Rodrigues

REGISTRO DA AULA DE 09 DE ABRIL DE 2010

No dia 09 de abril participei pela primeira vez da aula da professora Laura. Confesso que adentrei a sala um tanto quanto incerta e preocupada se havia feito uma boa escolha ao optar por mudar para esta disciplina de aprofundamento, no entanto esta incerteza foi se dissolvendo na medida em que a fala da professora se fazia clara e coerente com as minhas expectativas.
Laura colocou na lousa a pauta do dia (Registros, Pesquisa/Certau, Texto Certau e Texto Vaniza) e anotou o que deveríamos definir sobre os próximos encontros (Caleidoscópio, Seminários e Entrega de Registros para o dia 30/04). A professora me explicou que toda aula deveria ser registrada em nossos cadernos e a cada encontro, dois alunos ficavam responsáveis pelo registro a ser compartilhado com os colegas de classe.
Após o colega David ter feito a leitura do registro de Vanessa e Marjorie, a professora pediu que mais dois alunos se candidatassem ao próximo registro, eu me senti confortável para levantar as mãos e aceitar o desafio, juntamente com meu colega David, que se candidatou posteriormente.
A aula explicitou alguns pontos explorados pela professora Laura em sua tese de Doutorado em Educação, intitulada: “Formação e alteridade: pesquisa na e com a escola”, do ano de 2008. A professora esclareceu que durante sua tese, manteve o foco em autores como Regina L. Garcia, Boaventura de Souza Santos, Nilda Alves, Rockwell Ezpeleta e Certau, o que implicou numa teoria metodológica de “como fazer ciência” e sócio-histórica (Bakhtin, Freitas e Amorim).
Laura relatou que quando iniciou sua pesquisa dentro da escola era vista sob várias perspectivas: estagiária, colaboradora, professora, interlocutora, formadora, dentre outros lugares e não lugares que acabava distorcendo suas reais intenções e expectativas.
A idéia que se têm do pesquisador é que ele adentra as instituições escolares a fim de fiscalizar, no entanto, quem fiscaliza é a academia, que olha para a escola de cima para baixo, mantendo-se no seu lugar de poder. Laura não queria que a julgassem como tal, mas notou que era possível e até mesmo favorável, estar na escola ocupando lugares diferentes.
Através da simultaneidade de lugares, também vista em Bakhtin, é possível se utilizar de táticas para conseguir alcançar pontos relevantes de uma pesquisa e perceber coisas que provavelmente passariam despercebido se Laura tivesse se mantido numa estreita relação de poder com escola.
Quando o pesquisador entra em uma unidade escolar e não está aberto a novas possibilidades e escolhas, ele se acomoda e permanece no lugar de poder e fiscalização, mas quando ele se abre às novas idéias e panoramas de sua atuação dentro da escola, ele consegue se utilizar de táticas para aproveitar momentos e ocupar lugares até então dispensáveis ao pesquisador, esta é a oportunidade que ele tem de ser “caçador”.
Laura nos disse que Certeau é contra a pesquisa quantitativa/ estatística (ex: Prova Brasil), pois provas desse tipo são homogêneas, para Certeau o importante é o heterogêneo, o singular, pois ele não quer compreender quem são esses sujeitos, mas sim o que eles pensam.
A professora ainda ressaltou que durante sua pesquisa buscou por refúgio e foi em busca de outras fontes, antes consideradas dispensáveis e suspeitas, mas necessárias a fim de comparar teorias, métodos e opiniões e fez um alerta ao consumo de letras sem reflexão, ou seja, a alienação.
Para finalizar a primeira parte da aula, Laura indagou se em sua pesquisa, os lugares foram ocupados por ela ou atribuídos a ela e esclareceu que “Não é o lugar que define o lugar do falante, mas o modo como o sujeito ocupa esse lugar”, ou seja, não foram aqueles lugares que foram atribuídos na escola que definiram seu lugar, mas ele esteve definido pelo modo que Laura exerceu e pelas formas que criou enquanto pesquisadora para estar nos lugares que efetivamente ocupou na escola.
Após o intervalo desta aula discutimos a questão dos seminários e o livro a ser utilizado. Ficou decidido que trabalharemos com os conceitos de Freinet, no livro “Freinet: Evolução Histórica e Atualidades” de Rosa Maria Whitaker Sampaio, os grupos do seminário poderão ler o livro e discutir questões pertinentes na segunda parte da aula, sempre após o intervalo que se dá às 20h45min.
Ao termino da aula, senti-me feliz, pois pude afirmar sem medo que fiz a escolha certa, pois, além de compreender com clareza as idéias da professora (mesmo que ainda sem acesso aos textos da disciplina), percebi que será valioso estar entre os colegas desta disciplina, trocando experiências e discutindo assuntos que acercam meu cotidiano e meu trabalho, que a meu ver, ainda tem muito que ser repensado, inovado e experimentado.

Rachel R.

Registro do dia 09 de abril de 2010 - David L. Ferreira

Registro da aula de 09 de abril de 2010

Quando entrei na sala de aula, a professora Laura já havia escrito na lousa a pauta do dia (*registros / *pesquisa / Certeau / *texto Certeau / *texto Vaniza?) e os tópicos a serem definidos para a próxima aula (*caleidoscópio/ *seminários / *entrega de registros (30/04). Hoje tivemos o ingresso de mais uma colega na classe, Raquel, que junto comigo ficou responsável pelo registro do dia de hoje.
A professora Laura solicitou que as responsáveis pelo registro da aula anterior lessem suas anotações, as colegas Vanessa Castaldi e Marjorie, porém a Marjorie ainda não estava na classe, então a colega Vanessa Castaldi perguntou à professora Laura, se eu, David, poderia ler as suas anotações. Após minha leitura, a professora Laura iniciou o levantamento dos dados sobre o texto, perguntando quem havia lido o texto e quem não o tinha estudado, em seguida anotou na lousa os pontos mais importantes do texto, indagando aos alunos que haviam lido o texto, para ajudá-la nesse resgate das sensações e do conteúdo do texto.
Em seguida acompanhamos os slides sobre o conteúdo do texto da própria professora Laura, Formação e alteridade: pesquisa na e com a escola, sobre o olhar do cotidiano na escola objeto de sua pesquisa durante o doutoramento, onde o objetivo foi encontrar vestígios sobre a produção científica no ambiente escolar, sobre as práticas utilizadas, procurando conhecer quais autores seus educadores beberam diretamente das fontes.
Dando prosseguimento à aula, a professora Laura relatou sobre a dúvida que pairava no início de sua pesquisa in loco, pois até seu projeto de doutorado ser aprovado, ela não possuía uma identidade fixa dentro da unidade escolar, não sabia se sua permanência ali era vista como uma pesquisadora e aluna, como estagiária, como professora, como colaboradora, como aluna do doutorado ou até mesmo como uma intrusa ou espiã da KGB, da CIA ou mesmo da GESTAPO.
Nos slides a professora Laura expôs as perspectivas teórico-metodológicas dentro da instituição escolar “homogênea”, relacionando com a teoria de Certeau, levantando os aspectos da história documentada e da história não documentada dentro do ambiente escolar, sobre a relação de consumo tanto capitalista financeira, quanto escolar e acadêmica que coexistem dentro de escolas, institutos, faculdades e universidades (sejam estas públicas ou privadas), relacionando pontos em comum com o texto do autor Wanderley, anteriormente estudado. Nesse momento a professora Laura perguntou à sala se nós nos identificávamos com o texto? A resposta partiu da colega Camila, exemplificando que nós temos a mania de nos desmerecer/ de nos diminuir, pois acreditamos que somos menos do que o outro, em alguns aspectos, mesmo que isso não seja verdade, pois muitas vezes a luz do conhecimento que vem do outro procura nos eclipsar parcialmente ou totalmente.
Quando a professora Laura expôs a relação entre os atores no papel de “consumidor” e de “caçador”, a colega Rachel pediu que a professora explicasse novamente estas colocações, pois como ela estava iniciando seus estudos conosco neste dia, não teve ainda acesso as leituras anteriores. Logo, a professora Laura transmitiu a idéia de que esse ator / agente “consumidor” denota que mesmo nos sendo oferecida uma bandeja com uma infinidade de fontes bibliográficas cientifica, não somos capazes de digeri-los toda de uma só vez, mas o deixamos para degustá-la no momento preciso / certo.
Enquanto que, o uso da palavra “caçador” empregada, denota nossa busca pelas melhores oportunidades, onde encontramos à hora certa para agir, ou seja, procuramos identificar o momento oportuno para atirar / aplicar o conhecimento adquirido naqueles a quem servimos o saber sistematizado. É importante destacar o poder que o saber possui e é necessário dosar sua força simultaneamente com os conhecimentos de mundo adquiridos nos diversos ambientes aos quais vivemos e convivemos desde a mais tenra idade.
Um alerta válido aqui é frisar o cuidado que precisamos ter ao atuarmos como “consumidores passivos”, devido ao grande perigo que corremos em sofrer de uma patologia generalizada na população mundial: alienação! Por isso temos que ficar atentos às ideologias e contra-ideologias que nos são ofertadas a todo o momento através da hegemonia capitalista de mega grupos corporativos por meio de uma mídia mundial massificadora.
Quando direcionamos nossa discussão para os processos de interação entre os sujeitos da relação desta interação, nos deparamos com dois sujeitos bem conhecidos: o sujeito falante e o sujeito ouvinte. Neste momento a colega Bruna Bernardes exemplifica o ato de se formar filas na escola, seja para entrar ou sair, ir e voltar do intervalo / recreio, durante os passeios fora da unidade escolar e dentro da sala de aula. Essa prática não é novidade, desde o surgimento da instituição escola, sua prática é repetida séculos após séculos, para condicionar o sujeito às regras sistematizadas pela hierarquia social.
Ao resgatar a idéia de Alves (2002) em minhas próprias palavras, percebi que o usuário do conhecimento procura as ferramentas que melhor o servirão para a manutenção de sua vida, na relação com o outro e nos diversos ambientes sociais. Desta forma, não podemos nos servir de apenas uma ferramenta, ou seja, temos que beber diretamente na fonte de diversos autores, para que possamos discernir e comparar os métodos e teorias, extraindo de imediato o que nos for útil e guardando o conhecimento extracurricular para o porvir.
No final da aula, a Profª. Laura levantou duas questões a serem respondidas na próxima aula a respeito do texto de Vaniza e solicitou que nos dividíssemos em grupos para executarmos os trabalhos dos seminários e do livro Freinet: Evolução Histórica e Atualidades / Pensamento e Ação no Magistério, organizado por Rosa Maria Whitaker.

David L. Ferreira

Registro do dia 26 de março de 2010 - Marjorie e Vanessa Castaldi

Registro da aula do dia 26/03/2010.

A pauta já estava na lousa no início da aula:
• Leitura de registros;
• Retomar Geraldi (aula anterior)
• Apresentação da pesquisa - Laura;
• Capitulo 5, pesquisa Chaluh;
• Próxima aula, Certeau cap.III;
• Entrega dos registros dia 30/04/10.
Laura, nossa professora, e Natália leram seus registros da aula do dia 19 de março, aula que faltei (Marjorie). Laura falou sobre os horários. Nas leituras percebi que comentaram sobre o filme assistido “Janelas da alma”, sobre o olhar. E Natália relacionou com Da Vinci e Shakespeare. Também foi discutido o conto de Borges, o etnógrafo possível e necessário e, o texto de Geraldi, a importância da escrita – Natália citou Clarice Lispector, sua autora preferida.
Laura perguntou aos alunos se alguém queria comentar as leituras dos relatórios, mas não houve ninguém. Em seguida, perguntou sobre as leituras para a aula. Após um tempo de silêncio, Camila respondeu que foi gostoso.
A professora, então, passou um vídeo com fotos da escola de sua pesquisa e explicou um pouco de sua pesquisa, sobre o GA (Grupo de letramento e alfabetização) e o TDC (Horário de Trabalho Coletivo). Disse que foi para escola para observar a questão da formação do professor de 1a a 4a séries. No capítulo que lemos fala sobre o GA, que consistia em um espaço no qual o professor tinha o poder de fala na escola, e o trabalho com a questão de grupo para os autores Fernándes e Riolfi. Trata, também, da heterogeneidade das concepções das pessoas desse grupo, a questão da formação, o foco assim foi designado pela escrita de professores e alunos, como gênero de discurso.
Hoje, especialmente, cheguei (Vanessa) à classe e a aula já havia começado. Detive-me a observar o que havia no quadro, já que o vídeo de apresentação da pesquisa da professora estava quase no final.
Nesse momento reflito (Vanessa) sobre uma problematização das nossas aulas iniciais, que se tratava de porque as professoras não publicam seus trabalhos. Percebo, pelos os anos de estudo ao qual emprego esforços e a experiência de várias escolas no município, que tais publicações são difíceis de serem veiculadas devido ao pouco tratamento teórico que dê consistência a essas práticas cotidianas do professor, não desmerecendo o trabalho desenvolvido, mas mesmo a professora que compartilha conosco hoje anos de estudo necessita relacionar e basear suas falas em autores de renome.
Bruna Bernardes ressalta a importância do diálogo na escola. “O diálogo permite que você olhe para outra pessoa. O documento é um documento. A escola que não permite o diálogo, os professores conversam nos corredores.”
A professora Laura acrescenta: “talvez quem ainda não está na escola não entenda a importância do diálogo na escola”.
Laura inicia a discussão do seu texto. Karina fala que gostou bastante e ficou bem animada em ver o progresso que as professoras do grupo tiveram juntas. Bruna Bernardes se lembrou da ideia de Geraldi, “do professor que transmite seus conhecimentos aos alunos se esvaziando. O espaço coletivo promove a troca, no diálogo com o outro.” Também falou a Bruna B. sobre a questão das festas, das emergências, que talvez desviem das prioridades: “a escola pega os horários para formação do professor e põe para confecção de bandeirinhas”. Karina apontou a questão da subjetividade, do certo ou errado, disse que entendeu isso e por essa razão estava falando nesta aula e nas outras não.
A professora, incomodada com as poucas falas sobre o texto, pergunta quem leu o texto. E ficou decidido que quem não havia lido, iria ler naquele momento, e quem já leu, iria fazer seus apontamentos sobre o mesmo.
Então, nos dividimos em grupos para leitura ou apontamentos. Após o intervalo, o grupo falou sobre os gêneros textuais, a dificuldade dos alunos para organizar o pensamento.
No GA, Laura relata que diante de um conflito, no qual fica evidente a necessidade de os alunos terem a quem escrever, as professoras entenderam haver um impasse na escola e tiveram que discutir e percorrer um caminho de trabalho coletivo para chegar à conclusão que os alunos tinham que escrever para alguém utilizando a função social da escrita. A aposta na escola é de constatar o progresso dos professores que caminham juntos. Dessa confirmação da escrita como instrumento de comunicação social surge a discussão sobre os gêneros textuais, discussão essa apoiada pelo teórico linguístico Bakhtin, nesse sentido o autor coloca que a escolha do gênero está determinada pela especificidade de um dado campo de comunicação discursiva, pela situação concreta de comunicação, pela composição pessoal dos seus participantes. A professora Laura utiliza essa definição com destreza na sua pesquisa a colocando em determinados momentos do TDC, para confirmar e teorizar situações concretas de produção, como a utilização de uma professora na produção de um cartaz em classe no qual a referência partiu de outro exposto na escola que comunicava a vinda do circo a cidade.
Muitas foram as discussões diante desse tema, sendo possível perceber que os professores que estão participando do curso compreendem a excelência do trabalho com gêneros textuais e entendem a escrita como um conhecimento produzido culturalmente e que os alunos devem tomar posse do mesmo para transformá-lo em um instrumento de persuasão, explicitação, comunicação.
No entanto, após todo esse relato, retomo (Vanessa) um conceito utilizado em várias aulas o “empoderamento”, descrito por Geraldi e esse conceito me recorda além da minha prática um filósofo da educação, Demerval Saviani, que como exposto por um aluno em classe acredita, como Gramsci, na educação como instrumento que possibilita a contra-ideologia. Para o grupo ficou claro que apoderar-se da linguagem escrita, dos conhecimentos produzidos historicamente permite ao individuo que ele não apenas leia as letras da cidade, mas que também produza essas letras socializando-as e assim confirmar seu papel como cidadão.
Não poderíamos deixar de relatar os elogios destinados à professora Laura, sua dinâmica de aula estabelece um diálogo e permite que registremos nossas próprias discussões confirmando que também somos produtores de conhecimento cientifico.
Para finalizar um pensamento de Paulo Freire, colocado pela professora Laura, resume sua pesquisa e o que produziremos esse semestre em classe, um grupo de pessoas diferentes se mobilizou para lutar por um objetivo comum e esse mesmo objetivo é pertencente ao nosso curso, educar para a transformação e não para perpetuação do sistema, buscando então uma educação libertadora.

Marjorie P. P. F. e Vanessa F. M. C.

Registro do dia 19 de março de 2010 - Natalia Codo

Registro da aula do dia 19/03

Iniciamos a aula com a leitura do registro da semana passada feita pela Miriam.
Em seguida demos início a discussão sobre o documentário visto na aula anterior “Janelas da Alma” de João Jardim e Walter Carvalho. Começo a relatar sobre essa discussão partindo da seguinte frase: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara” de José Saramago.
Acredito que "Janela da Alma" está longe, contudo, de ser um filme de tese. Ele é uma expressão pessoal. E os diretores pensaram grande há começar pelo título, onde me lembrou uma frase do Leonardo da Vinci “o olho é a janela da alma, o espelho do mundo.”
Nossa discussão se deu a partir da questão “O que você consegue enxergar?”, analisando o nosso olhar dentro da escola, como focamos o olhar no aluno e como é possível olhar cada aluno individualmente.
E como diz Freire é necessário conhecer cada aluno individualmente, tendo olhos sensíveis perante ele, para poder ajudá-lo a crescer cognitivamente, sendo obrigação do educador aprender o aprender de cada criança, ou seja, aprender como aquelas crianças aprendem, quais são suas bagagens cognitivas e como podem ser aperfeiçoadas, não existe uma homogeneidade entre os alunos, cada um é um ser diferente do outro.
Dessa forma encerro o registro sobre o documentário com uma frase de Willian Shakespeare: “As palavras estão cheias de falsidade ou de arte; o olhar é a linguagem do coração.”
Partimos para a conversa sobre o conto “O etnógrafo” de Jorge Luis Borges, lido pela aluna Caroline Silva. O conto é difícil interpretação. Mostra que o abismo que separa Murdock-índio de Murdock-etnógrafo, ou seja, o abismo que separa experiência e conhecimento é na realidade aquilo que torna o etnógrafo possível e necessário.
Depois foi a vez de compreender o texto “Alfabetizações cotidianas: a cidades das letras e as letras da cidade” de João Wanderley Geraldi. E demos início pensando na seguinte questão: “Que tipo de aluno estamos produzindo?”.
Faz algum tempo que eu percebi o quanto fomos educados para o vestibular. Desde que entramos na escolinha até quando concluímos o terceiro ano, o nosso aprendizado é focado nele. O engraçado (se é que tem esse lado) é que, quando o vestibular passa, a gente não sabe o que fazer. Temos conhecimentos gerais, mas nenhum preparo para a vida. Claro que ingressar na universidade é importante, mas saber usar o conhecimento no dia- a- dia, e não apenas na teoria, é mais importante do que focar numa prova que nos coloca em uma universidade. Por isso, acho que as escolas muitas vezes acabam se contradizendo e, ao invés de preparar cidadãos para a vida, acabam preparando cidadãos competitivos. Isso quando não desestimulam aqueles que não se adéquam ao sistema.
Devido à importância que a escrita teve na nossa discussão durante essa aula, encerro esse registro com algumas citações da minha escritora preferida, Clarice Lispector sobre o ato de escrever:
- “Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever”
- “Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas”
- “Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca.”

Natalia C.

Registro do dia 12 de março de 2010 - Míriam Martinez Guerra

Segundo Encontro da Disciplina: “Didática: práticas culturais e práticas pedagógicas”

Esta aula está sendo minha primeira, não vim à passada. Entrei na classe nova e me deparei com uma professora nova – a Laura, que pelo sotaque me faz sentir falta de minha mãe... Era para ser a Profª., querida orientadora, Maria Rosa, mas não é. A Laura me pareceu simpática. Leu o registro da aula passada e começou a esboçar palavras que o texto lido remetia – definições de professor, etc. Penso ser muito interessante essa prática de esboçar na lousa palavras e idéias advindas do texto lido; situa quem não pode ler e é um ato de “re-memorização” da leitura. Parece-me que “concretiza” o texto. A discussão da leitura começa após essa primeira conversa. A professora se movimenta pela classe (senta, levanta...), parece bobagem, mas isso contribui para uma dinâmica da aula. Estamos um pouco receosos, silenciosos, talvez inseguros.
Outra coisa interessante, além do “esboço”, é o hábito de a professora colocar pauta na lousa. Situa os alunos sobre o que vem depois. Alunos sempre são ansiosos.
Conforme os assuntos do texto vêm à tona, as pessoas se sentem tocadas a participarem oralmente. Um assunto relevante, e que paramos por alguns minutos nele, foi sobre os sistemas apostilados vigentes.
A importância de o professor ter uma atitude reflexiva, professor-pesquisador, foi levantada, assim como sobre o fazer do pesquisador na Universidade. Ao final da discussão do texto, foi discutido com os presentes sobre a forma de dialogar sobre o texto e todos concordaram com os procedimentos da professora.
Intervalo. O corpo necessita!
Na volta, a professora nos orienta sobre as próximas leituras. E, diz ser a primeira vez que divide sua produção com um grupo como nós, alunos. Comenta sobre o foco de seu trabalho de doutorado. Esse ato da expectativa da professora-pesquisadora ao nos dar a ler algo que produziu suscita alguma coisa... Faz lembrar algumas palavras de Larossa.
Assistimos a um filme/documentário (Janelas da Alma) bastante interessante que dizia sobre os muitos modos de ver, de ler o mundo conforme as lentes que possuímos.

Míriam Martinez Guerra

Registro do dia 05 de março de 2010 - Profº Laura

Primeiro encontro da disciplina “Didática: Práticas Culturais e Práticas Pedagógicas”.
1° semestre de 2010.

Cheguei na sala de aula “nova” e estava fechada. Uma aluna do 3° ano falou que eu teria que pegar as chaves no outro bloco. Assim iniciava meu percurso na disciplina “Didática: práticas culturais e práticas pedagógicas”. Consegui as chaves e voltei novamente para a sala. O tempo já tinha passado, eram quase 1915 horas e ninguém ainda na sala. Aos poucos foram chegando Iuri, Bruna Bernardes e Ana Carolina. Foi Ana quem fez o primeiro comentário que me chamou a atenção, ela disse que estava preocupada porque alguns alunos tinham comentado que eu era ‘exigente’. [...] Chegaram posteriormente Caroline, Paulo e Tânia. O Paulo um pouco confuso, aparentemente tinha-se matriculado nesta disciplina por erro, mas decidiu ficar esse dia para saber a temática. Chegou Marjorie e lembro que Bruna B. ficou feliz quando viu sua colega, me pareceu que estava grávida, mas fiquei calada... Estavam também presentes Mariana e Camila.
Comentei da disciplina e justifiquei quer iria levar o programa /plano próxima semana em função de levar em consideração as expectativas do grupo. Falei dos eixos centrais da disciplina: os sujeitos leitores, escritores e produtores de conhecimento; as articulações dos conteúdos com os contos, filmes; a formação do professor pesquisador/reflexivo e a atitude/postura investigativa. Tentei explicitar o resgate das produções e práticas culturais para pensar na didática e na formação. Levantei a questão da “cidade das letras e das letras das cidades” (Wanderley Geraldi) apontando a importância da questão política que permeia a produção dos professores. A disciplina é nova e gostaria de ir construindo com os alunos, ainda que já tenha explicitado algumas questões. Por exemplo, acho importante vivenciar a construção de um projeto de trabalho no percurso da disciplina. Combinamos de continuar discutindo isso. Quis saber das preocupações e motivações da escolha pela disciplina. Cada aluno/a posicionou-se e lembravam-se das outras duas didáticas do curso.
Fiquei com duas questões importantes para lembrar em todo o percurso da disciplina, foi colocada a importância de “refletir sobre a prática” e “explorar o texto”. Questões apontadas como necessárias pelos alunos, senti que eles apontavam enfatizar essas questões na disciplina.
Segundo comentaram os alunos, agora que estão iniciando o TCC, estão sentido uma dificuldade, pensam que não tem exercitado a capacidade de fazer relações e nexos com diferentes autores. [...]
Combinamos que teríamos intervalo, mas esse dia o intervalo foi longe demais, vou propor rever essa questão. Ainda vou explicitar a questão da presença, [...]
Tinha levado o documentário “Janela da alma”, de J. Jardim, mas o grupo e eu decidimos deixar para o próximo encontro. Assim, os alunos se dividiram em dois grupos e entreguei dois contos escritos por professores, (já deixei no Xerox). Fiquei surpresa quando soube que não tinham tido acesso a escritos/contos/narrativas de professores anteriormente, por isso é que insisto na escrita como questão política. As discussões que surgiram após a leitura forma interessantes: a idéia do professor se sentir excluído dentro do grupo da sala; a questão cultural: qual a cultura dos alunos e qual a cultura da escola; o conceito de estranheza que explicitei a partir de Gentili e de Ginzburg. Deixei em evidência que eles sim conseguem fazer relações com os teóricos quando mostrei que uma das alunas, na sua fala, tinha relacionado às discussões com alguns conceitos que eles já tinham estudado em outros momentos [...]
Esqueci, falando da importância da escrita e do registro, combinamos que cada aluno vai ter um caderno para fazer os registros das aulas a partir do dia 12/03 e que teremos um caderno coletivo da sala, no qual faremos registros segundo um rodízio. Como podem ver o grupo decidiu que eu iniciaria a escrita no caderno coletivo fazendo o registro do primeiro encontro. Outro combinado, para o próximo encontro leitura antecipada do texto de Wanderley Geraldi “A aula como acontecimento”.

Presentes: Ana Carolina, Paulo, Tânica, Bruna B., Iuri, Caroline, Marjorie, Mariana, Camila, Laura

Laura Noemi Chaluh

"Registros, páginas do Livro da Vida"

Às sextas-feiras, durante nossas aulas de “Didática: Práticas Culturais e Práticas Pedagógicas”, fazemos os chamados “registros” e descrevemos o andamento da aula, as discussões e reflexões do grupo. A cada encontro, dois alunos ficam responsáveis por fazê-lo e compartilhar sua respectiva leitura na aula seguinte. Visto que esta prática se assemelha ao conceito Freinetiano do “Livro da Vida”, tomamos a liberdade de propor aos nossos colegas de classe que cedessem gentilmente seus registros para que, desde o inicio, possam fazer parte deste Livro que já é de todos nós.
O grupo agradece de coração a todos que colaboararam e nos enviaram os registros, mesmo sem saber o destino certo de cada um deles. Este é o espírito cooperativista que esperamos e buscamos incessantemente no próximo!

*Imagem: Freinet e seus alunos

"Primeira Página"

O Blog do Freinet foi criado por Anelisa, David, Rachel, Tânia e Vanessa Castaldi, alunos do 4° ano de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade Estadual Paulista – UNESP, campus de Rio Claro, com o intuito de transmitir e compartilhar nossos estudos, conhecimentos e experiências adquiridas durante a disciplina de “Didática: Práticas Culturais e Práticas Pedagógicas”, lecionada pela Profª Drª Laura Noemi Chaluh.
Em nossos estudos sobre a Pedagogia Freinetiana, constatamos que, juntamente com seus alunos, Freinet criou o “Livro da Vida”: um caderno onde eram anotados os fatos mais interessantes que ocorriam diariamente em sala de aula. Neste caderno ficavam gravados os momentos mais vivos e intensos da turma e as anotações podiam ser feitas por quem o quisesse, inclusive pelo próprio Freinet. Eram feitas ilustrações, colagens e também era discutido sobre o que era considerado importante escrever, desta forma a turma seguia colecionando páginas da vida. Até hoje, nas salas onde são desenvolvidas as idéias Freinetianas, o “Livro da Vida” é peça marcante, pois ele se constitui como um documento vivo que pode e deve ser lido por todos os que estão diretamente ligados as crianças que os produzem.
Seguindo esta linha de pensamento e a adaptando às ferramentas tecnológicas que nos são oferecidas diariamente, optamos por criar este blog como uma “releitura” do “Livro da Vida”, visto que, hoje em dia, cada vez mais os meios tecnológicos adentram os portões da escola e perpassam nossas tão tradicionais lousas, cadernos e folhas mimeografadas. É possível adaptar métodos, técnicas e propostas educacionais, é necessário renovar, reaprender, inovar, experimentar, criar...
E é com este espírito criativo e inovador, que nós os convidamos a partilhar do nosso “Livro da Vida”, pois, nada mais justo do que dividir nossos bons (e maus) momentos com aqueles que dividem conosco não somente as noites de estudo, mas suas aflições, angustias, e esperança de fazer um futuro melhor para a educação.