quinta-feira, 13 de maio de 2010

Registro do dia 26 de março de 2010 - Marjorie e Vanessa Castaldi

Registro da aula do dia 26/03/2010.

A pauta já estava na lousa no início da aula:
• Leitura de registros;
• Retomar Geraldi (aula anterior)
• Apresentação da pesquisa - Laura;
• Capitulo 5, pesquisa Chaluh;
• Próxima aula, Certeau cap.III;
• Entrega dos registros dia 30/04/10.
Laura, nossa professora, e Natália leram seus registros da aula do dia 19 de março, aula que faltei (Marjorie). Laura falou sobre os horários. Nas leituras percebi que comentaram sobre o filme assistido “Janelas da alma”, sobre o olhar. E Natália relacionou com Da Vinci e Shakespeare. Também foi discutido o conto de Borges, o etnógrafo possível e necessário e, o texto de Geraldi, a importância da escrita – Natália citou Clarice Lispector, sua autora preferida.
Laura perguntou aos alunos se alguém queria comentar as leituras dos relatórios, mas não houve ninguém. Em seguida, perguntou sobre as leituras para a aula. Após um tempo de silêncio, Camila respondeu que foi gostoso.
A professora, então, passou um vídeo com fotos da escola de sua pesquisa e explicou um pouco de sua pesquisa, sobre o GA (Grupo de letramento e alfabetização) e o TDC (Horário de Trabalho Coletivo). Disse que foi para escola para observar a questão da formação do professor de 1a a 4a séries. No capítulo que lemos fala sobre o GA, que consistia em um espaço no qual o professor tinha o poder de fala na escola, e o trabalho com a questão de grupo para os autores Fernándes e Riolfi. Trata, também, da heterogeneidade das concepções das pessoas desse grupo, a questão da formação, o foco assim foi designado pela escrita de professores e alunos, como gênero de discurso.
Hoje, especialmente, cheguei (Vanessa) à classe e a aula já havia começado. Detive-me a observar o que havia no quadro, já que o vídeo de apresentação da pesquisa da professora estava quase no final.
Nesse momento reflito (Vanessa) sobre uma problematização das nossas aulas iniciais, que se tratava de porque as professoras não publicam seus trabalhos. Percebo, pelos os anos de estudo ao qual emprego esforços e a experiência de várias escolas no município, que tais publicações são difíceis de serem veiculadas devido ao pouco tratamento teórico que dê consistência a essas práticas cotidianas do professor, não desmerecendo o trabalho desenvolvido, mas mesmo a professora que compartilha conosco hoje anos de estudo necessita relacionar e basear suas falas em autores de renome.
Bruna Bernardes ressalta a importância do diálogo na escola. “O diálogo permite que você olhe para outra pessoa. O documento é um documento. A escola que não permite o diálogo, os professores conversam nos corredores.”
A professora Laura acrescenta: “talvez quem ainda não está na escola não entenda a importância do diálogo na escola”.
Laura inicia a discussão do seu texto. Karina fala que gostou bastante e ficou bem animada em ver o progresso que as professoras do grupo tiveram juntas. Bruna Bernardes se lembrou da ideia de Geraldi, “do professor que transmite seus conhecimentos aos alunos se esvaziando. O espaço coletivo promove a troca, no diálogo com o outro.” Também falou a Bruna B. sobre a questão das festas, das emergências, que talvez desviem das prioridades: “a escola pega os horários para formação do professor e põe para confecção de bandeirinhas”. Karina apontou a questão da subjetividade, do certo ou errado, disse que entendeu isso e por essa razão estava falando nesta aula e nas outras não.
A professora, incomodada com as poucas falas sobre o texto, pergunta quem leu o texto. E ficou decidido que quem não havia lido, iria ler naquele momento, e quem já leu, iria fazer seus apontamentos sobre o mesmo.
Então, nos dividimos em grupos para leitura ou apontamentos. Após o intervalo, o grupo falou sobre os gêneros textuais, a dificuldade dos alunos para organizar o pensamento.
No GA, Laura relata que diante de um conflito, no qual fica evidente a necessidade de os alunos terem a quem escrever, as professoras entenderam haver um impasse na escola e tiveram que discutir e percorrer um caminho de trabalho coletivo para chegar à conclusão que os alunos tinham que escrever para alguém utilizando a função social da escrita. A aposta na escola é de constatar o progresso dos professores que caminham juntos. Dessa confirmação da escrita como instrumento de comunicação social surge a discussão sobre os gêneros textuais, discussão essa apoiada pelo teórico linguístico Bakhtin, nesse sentido o autor coloca que a escolha do gênero está determinada pela especificidade de um dado campo de comunicação discursiva, pela situação concreta de comunicação, pela composição pessoal dos seus participantes. A professora Laura utiliza essa definição com destreza na sua pesquisa a colocando em determinados momentos do TDC, para confirmar e teorizar situações concretas de produção, como a utilização de uma professora na produção de um cartaz em classe no qual a referência partiu de outro exposto na escola que comunicava a vinda do circo a cidade.
Muitas foram as discussões diante desse tema, sendo possível perceber que os professores que estão participando do curso compreendem a excelência do trabalho com gêneros textuais e entendem a escrita como um conhecimento produzido culturalmente e que os alunos devem tomar posse do mesmo para transformá-lo em um instrumento de persuasão, explicitação, comunicação.
No entanto, após todo esse relato, retomo (Vanessa) um conceito utilizado em várias aulas o “empoderamento”, descrito por Geraldi e esse conceito me recorda além da minha prática um filósofo da educação, Demerval Saviani, que como exposto por um aluno em classe acredita, como Gramsci, na educação como instrumento que possibilita a contra-ideologia. Para o grupo ficou claro que apoderar-se da linguagem escrita, dos conhecimentos produzidos historicamente permite ao individuo que ele não apenas leia as letras da cidade, mas que também produza essas letras socializando-as e assim confirmar seu papel como cidadão.
Não poderíamos deixar de relatar os elogios destinados à professora Laura, sua dinâmica de aula estabelece um diálogo e permite que registremos nossas próprias discussões confirmando que também somos produtores de conhecimento cientifico.
Para finalizar um pensamento de Paulo Freire, colocado pela professora Laura, resume sua pesquisa e o que produziremos esse semestre em classe, um grupo de pessoas diferentes se mobilizou para lutar por um objetivo comum e esse mesmo objetivo é pertencente ao nosso curso, educar para a transformação e não para perpetuação do sistema, buscando então uma educação libertadora.

Marjorie P. P. F. e Vanessa F. M. C.

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